Iwata mostrou-se claramente preocupado com a proliferação dos games de baixo orçamento, que estão se tornando aos poucos o padrão da indústria. Em busca de lucro fácil e preço acessível, as produtoras tem investido cada vez mais em projetos mais simples e funcionais – que possam, assim, atender a públicos mais amplos e exigirem um investimento menor dos próprios jogadores.
Exemplo claro disso é a Apple Store, que disponibiliza games por valores múltiplos – chegando a míseros U$1. Do outro lado, qualquer game lançado para Nintendo DS custa U$ 39. A diferença é exorbitante e deixa uma dúvida: até quando as pessoas vão estar dispostas a pagar um valor muito mais alto por seus games se elas podem conseguir experiências semelhantes por um preço bem menor?
Iwata pareceu conclamar os desenvolvedores para investir novamente na grande indústria, criando inovações e desenvolvendo potencialidades. Mas será que os desenvolvedores estão dispostos a isso? Hoje o mercado é muito diferente do que era, tipo, 10 anos atrás. O número de profissionais cresceu tão vertiginosamente quanto o custo para se produzir um game competitivo para os consoles ditos “verdadeiros”. Investir em plataformas de baixo-orçamento acaba se tornando uma alternativa interessante para quem está começando.
Muita gente criticou a conversa franca de Iwata, dizendo que ele foi ignorante e apontou os pontos fracos da própria Nintendo, mas não acho que esse seja o caso. A ocasião pareceu uma tentativa de chamar a atenção para a qualidade. Games desenvolvidos com grandes orçamentos são claramente melhores. Afinal, são 300 milhões de pessoas jogando FarmVille, enquanto Super Mario Galaxy 2 vendeu menos de 7 milhões de cópias. Mas a posição sobre qual dos dois é melhor me parece quase unânime.
O sempre comentado Michael Pachter disse, após a palestra, que "a longo prazo, a Nintendo está condenada”. Mas será mesmo que o mercado de games sociais e de baixo valor de produção vai suplantar a grande indústria?
Iwata parece ter uma opinião clara sobre isso: "Essas plataformas não têm motivação para manter o alto nível de software. Para eles, o conteúdo é algo criado para qualquer um. A qualidade dos jogos não importa para eles ... O fato é, o que nós produzimos é a qualidade, e devemos protegê-la. "
Nesse cenário, a Nintendo não ficou parada. Com o 3DS, investiu na interação entre jogadores e no acúmulo de conteúdo. Resta saber o que as produtoras – e a própria Nintendo – vai desenvolver a partir das possibilidades que o 3DS permite.
E você, arrisca alguma ideia para a Nintendo vencer esse desafio?
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